Portuguese Table: uma plataforma online que junta gastronomia e hospitalidade.
As principais motivações dos turistas que escolhem Portugal como país a visitar são o clima solarengo, a riqueza gastronómica e a hospitalidade das gentes. Foi a olhar para estes dados que Paulo Castro começou a sonhar com a Portuguese Table, apoiada pela Tourism Creative Factory – aceleradora de startups do Turismo de Portugal. Enquanto diretor ibérico de uma multinacional, viveu alguns anos em Barcelona e teve acesso a uma rede de “restaurantes underground” que, há sete anos, estava a dar os primeiros passos: “A proposta consistia em ir jantar a casa de chefs famosos que abriam as portas a pessoas com paixão pela gastronomia. Como gosto de explorar conceitos inovadores, ia com regularidade”. A experiência foi de tal forma entusiasmante que, nas suas viagens pela Europa e EUA, repetia-a sempre que possível. No entanto, foi só depois de ter feito uma pós-graduação em marketing digital que o economista resolveu adaptar a ideia para o mercado português. “Tínhamos de apresentar um projeto final e eu optei por este. Há cerca de 15 anos enamorei-me pelo mundo da gastronomia e fiz vários cursos que agora me permitiram juntar as peças todas.” Durante oito meses andou a estudar possibilidades e, na companhia de outros dois promotores, Paulo Lopes e Jorge Azevedo, foi montando a estrutura daquela que considera “uma espécie de Airbnb para a gastronomia”. “O nosso desafio é adaptar o conceito à realidade do país e recheá-lo de portugalidade.” Ou seja, criar uma mesa única em que as estrelas são a qualidade e diversidade da culinária nacional e a arte de bem receber característica dos portugueses. “Mais do que irem almoçar ou jantar, os turistas têm oportunidade de ver como vivemos e recebemos em nossas casas. Por outro lado, isto dá-lhes um acesso diferente à nossa cultura e história gastronómicas.”
Chefs de trazer por casa
À partida, seja amador ou profissional, qualquer um pode candidatar-se para ser um dos anfitriões da Portuguese Table. Mas há critérios de seleção. “Não basta cozinhar bem, é preciso saber receber e ter uma casa com condições. Depois de conhecermos a motivação de cada chef, vamos lá a casa ver como recebe. Também é importante que saiba falar uma língua estrangeira para poder explicar aos convidados como encaixa nas raízes da nossa cultura o que estão a comer.” Depois de aprovados, os chefs têm de apresentar o menu e fazer um mapa da sua disponibilidade e só a seguir o evento – almoço ou jantar – começa a ser promovido na plataforma. Outro dos objetivos é que os menus sejam compostos por ingredientes ligados à comida caseira tradicional. “Não é preciso ser uma feijoada; pode ser, por exemplo, uma lasanha de bacalhau, ou um caril vegetariano, desde que se explique a ligação dos portugueses com as especiarias que chegavam da Índia.”
Tal como acontece com o alojamento temporário, depois de terem a experiência os convidados podem dizer de sua justiça e avaliá-la online, atribuindo uma classificação ao chef. Além disso, as reservas de refeições devem ser feitas com dois dias de antecedência: “Para que o anfitrião determine a quantidade de ingredientes e para que possa pedir atempadamente aos especialistas da Garrafeira Nacional, com quem temos uma parceria, conselho sobre os vinhos a servir para determinado menu, mediante certo orçamento.”
O primeiro grupo de anfitriões começou a receber convidados em setembro, na zona do Grande Porto (de onde são originários os sócios), e já há vários selecionados em Lisboa, onde a plataforma deverá começar a operar este mês. “A paixão pela cozinha é uma coisa transversal, entre os nossos anfitriões há presidentes de multinacionais e chefs que trabalharam em restaurantes com estrela Michelin.” Por isso, os preços também são diversos, dependendo do menu apresentado: “O preço médio que indicamos anda à volta dos 35 euros por pessoa, mas se alguém propuser um banquete com lagosta, é óbvio que o preço não vai ser esse”.
No início do próximo ano a Portuguese Table vai estar disponível nos Açores e, a partir de março, no Algarve, mas eles querem “chegar onde quer que estejam portugueses por esse mundo fora.”
por Patrícia Brito
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